A Inteligência Artificial tem sido um termo bastante utilizado atualmente, mas será que todos sabem, na prática, o que ela significa e como se beneficiar dessa tecnologia inovadora? Assim como toda buzzword, a IA também gera muitos mitos. Entre eles, a crença de que a aprendizagem de máquinas irá substituir o trabalho dos cientistas de dados.
Na última semana, fizemos uma live com o Daniel Garbuglio , VP da H2O.ai para a América Latina, em que ele abordou diversos pontos fundamentais para que você seja um líder do futuro e possa influenciar positivamente o seu time e/ou o seu negócio. Veja abaixo o resultado desse bate-papo:
Pergunta: Eu sou uma pessoa essencialmente de negócios, meu conhecimento de tecnologia mesmo que avançado, não abrange conceitos de IA. O que eu realmente preciso saber para ajudar minha empresa?
Daniel: As pessoas tendem a achar que tudo que é novo elas não conseguem participar ou não têm o conhecimento necessário e eu entendo que, muitas vezes, acompanhar os processos não é simples, a documentação pode não ser clara e nem precisa. Mas a verdade é que você, como gestor do seu negócio ou do seu time, já tem uma estratégia e alguma inteligência sobre as regras de negócios e que eram aplicadas. O segredo está em descobrir como usar esta regra de negócio e aliá-la às novas tecnologias, de acordo com as possibilidades disponíveis.
Ninguém espera que você aprenda a linguagem de códigos amanhã e nem é este o intuito. Então, o que a gente faz na H2O.ai, por exemplo, é justamente dar este suporte para que os líderes consigam obter melhores resultados, fazer melhores previsões e/ou reduzir custos com a nossa tecnologia.
Pergunta: Muitas vezes, existe uma desconexão entre as necessidades de TI com o negócio. Como a inteligência artificial pode ajudar? Se ela ainda não existe na minha empresa, como posso trabalhar com a ciência de dados ao meu favor?
Daniel: A grande questão é: de que forma conscientizamos as pessoas que tomam a decisão da compra de uma nova tecnologia de que aquilo vai ser bom para a empresa? Todo dia surge uma tecnologia nova, de vários segmentos diferentes.
Muitas vezes, o usuário escuta algo que faz todo o sentido do ponto de vista de negócio, mas ele tem que entender que os departamentos que suportam essa transação têm uma série de outras prioridades que, para chegar no que ele quer, talvez sejam necessários meses ou até mesmo anos de desenvolvimento de estrutura de tecnologia, o que talvez não suporte ou atenda às necessidades do que o usuário quer no fim das contas.
Eu entendo essa sede para desenvolver negócios inovadores, ter tecnologias melhores, e eu tenho certeza que os departamentos de TI ou de ciência de dados querem ajudar, mas nem sempre é possível.
Minha recomendação para os executivos é procurem sempre entender o outro lado e o que TI está querendo fazer, conversem, alinhem e tragam soluções que sejam factíveis para a área de tecnologia. Eu acho ótimo trazer soluções inovadoras para o negócio, mas que sejam viáveis de serem implantadas. Buscar o equilíbrio é certamente o melhor caminho.
Pergunta: Trabalho em uma indústria que não tem histórico de inovação, os processos são lentos e não consigo ver viabilidade de um projeto de AI na minha empresa. Qual a recomendação?
Daniel: Quando você olha sob o ponto de vista de gestão do negócio, existe toda uma cadeia de processos. O custo do pioneirismo é muito alto e não é algo simples de ser feito, seja para um empreendedor, uma multinacional ou startup. Nós, como uma startup “madura”, vivemos isso no nosso dia a dia. Ainda estamos no processo de evangelização dos cientistas de dados e executivos sobre os benefícios da nossa tecnologia.
Também é um processo que demanda gestão da mudança. É bem comum mostrarmos as soluções de IA para clientes e estes não acreditarem nos resultados que estamos apresentando e como pode ser possível termos chegado a determinados números. A gente não vende mágica. O que a gente vende é um processo automatizado que ajuda as empresas a fazer algo diferente, de forma mais rápida, barata e precisa.
Pergunta: Vejo muitas empresas falando de transformação digital, indústria 4.0 e outros termos da moda que não sei explicar muito bem o que são. AI é mais um deles ou uma realidade que chegou para ficar?
Daniel: Sendo bem sincero, eu sou um pouco crítico em relação aos termos usados pelo mundo corporativo. Os jargões e termos em si não fazem diferença, mas acredito que seja importante saber no que aquele termo será útil e como pode beneficiar a empresa. O que eu tenho reparado nos últimos anos é que a quantidade de buzzwords utilizadas estão cada vez mais frequentes e é realmente difícil acompanhar. Eu não tenho dúvidas de que conceito de AI veio sim para ficar e, mais do que isso, a beleza de trabalhar com uma plataforma de inteligência artificial e machine learning, é que nós conseguimos, em um espaço de tempo extremamente curto, mostrar o retorno sobre o investimento que o cliente fez.
Pergunta: A IA representa uma ameaça ao meu trabalho? Posso ser substituído por ela no futuro?
Daniel: Jamais. Posso dar vários exemplos de profissões que continuaram existindo mesmo depois do surgimento de diversas inovações tecnológicas. Elas continuaram existindo, mas de uma maneira diferente. A IA já faz parte da sua vida e recomendo, como qualquer tecnologia que veio para ficar, que você entenda do que se trata e estude. Você não precisa tornar-se um expert, mas procure se familiarizar para entender de que forma a tecnologia pode ser sua aliada e não uma concorrente. No nosso caso, fica bem claro que a nossa plataforma de machine learning automatizado não concorre, mas otimiza tempo e empodera os cientistas de dados a fazerem mais, de forma mais rápida e ainda mais precisa, deixando-os livres para focar em temas mais estratégicos e ligados ao core business da empresa.
Pergunta: Como converter o “sonho de AI” numa realidade dentro do meu negócio? Por onde e como eu devo começar? Faz sentido implementar um projeto de IA em pequenas e médias empresas?
Daniel: Eu tenho percebido que os projetos de inteligência artificial não estão andando em alguns clientes na velocidade que poderiam estar andando devido à maturidade de gestão que o cliente tem dos seus dados. Talvez falte ainda para algumas empresas um projeto real, consistente e duradouro do que será feito com os dados que possuem. Muitas vezes, as empresas têm os dados, mas estes estão espalhados por tantas fontes diferentes, que elas não sabem exatamente onde buscá-los. Então minha primeira recomendação é: descubra se você tem os dados suficientes para a tomada de decisão, saiba onde buscá-los e entenda como você pode mesclar e trabalhar os seus dados com outros dados externos para obter informações relevantes para a sua tomada de decisão
Algo que a H2O.ai tem feito de uma maneira extremamente satisfatória é a democratização da inteligência artificial. Atendemos empresas multinacionais com 150 mil funcionários e empresas com 30 funcionários. O mais importante é saber se há dados suficientes para influenciar na tomada de decisão.
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